Dr. Paulo Geraldo,
Dona Dione, Marcos e Ezandra, tenham
certeza que Dr. Paulo está muito feliz e agora altivo descansa, como o atleta
depois de lutar... O momento também é
muito triste para nós que perdemos este nobre companheiro.
O
Senhor, como Admirador das artes marciais cuidou do físico; admirando os
movimentos sociais, dedicou-se a leitura vermelha e cuidou da ciência;
admirando o Ser Supremo, cuidava do espírito, pois sabia que só este é eterno e
hoje, pela sua humildade, sua educação e seu modo de participar do mundo, não
tenho dúvidas, encontra-se ao lado de Deus.
Lembro-me
da admiração pelo seu irmão, Marquinhos, como carinhosamente o chamava. Eu
percebia quando a saudade da sua filha, Maria, apertava. Querendo ir buscá-la e
vergonhoso para me chamar, dizia: E ai meu velho, vamos viajar?
Já
disse Eduardo Galeano: Nós dizemos não a uma sociedade que põe
preço nas coisas e nas pessoas e que ver a vida como um supermercado ou
uma pista de corrida, onde o próximo é
visto como uma mercadoria ou um competidor, jamais como um irmão. O
Senhor não pactuava com isso.
Como é
ser assim? Quem foi Nelson Hungria? Só quem era próximo de Dr. Paulo sabe do
que estou falando.
Você deixou sua terra natal porque tinha um
sonho: ser Delegado da Polícia Civil de
Pernambuco.
Às
vezes discutia com seus colegas alagoanos e dizia: eu agora sou pernambucano! Esta admiração aumentou quando
trabalhou no sertão, ao ponto de registrar para sempre em seu corpo a tatuagem
de um carcará, símbolo e lembrança daquela região sofrida e das duras operações
policiais.
Toda
aquela admiração pela terra dos altos coqueiros acabou em 2011. A decepção
transforma qualquer ser humano. Nada é mais triste para uma pessoa do que ter
um princípio, acreditar nele, lutar por ele e do nada aparecer alguém para lhe
caluniar, justamente naquilo que você mais defende e, o pior, é esta mentira
soar como verdade. Aquele orgulho de ser policial pernambucano morreu no ano
passado e, com isso, aos poucos seu corpo também foi para o túmulo. Mas você continua vivo na minha mente e na
mente de muitos colegas que fazem Policia com dignidade.
Boa
música, boa leitura, barba impecável, sempre em camisa de mangas longas,
educação e humildade a toda prova. Recordo que no início da crise sentiu fortes
dores no abdômen, dirigiu-se ao Hospital Dom Moura, perguntou ao porteiro onde
era a fila do atendimento e ali aguardou sua vez, sem se identificar. Em uma
das viagens que fizemos ao sertão, fez uma ultrapassagem em local proibido, foi
parado pela Policia Rodoviária e notificado, educadamente recebeu a notificação
e desejou um bom dia ao patrulheiro. Aí eu questionei – o Senhor é Delegado
Seccional, porque não se identificou para evitar a multa. Ele só fez dizer – eu
estava errado! Estes simples fatos faziam aumentar minha admiração por
sua pessoa e por seu comportamento diferenciado. Eu sentia muito orgulho quando
o Senhor dizia: Artur, eu confio em você. Ser da sua confiança para mim era
motivo de grande honra.
Nós da
Policia Civil de Garanhuns jamais duvidamos da sua idoneidade e tenha certeza,
Pernambuco é feito de homens e mulheres de fibra, é a nova Roma de bravos
guerreiros e nestes o Senhor continua vivo, pelos seus atos e exemplo de vida.
Esta é minha última homenagem, o coração apertado, a face molhada por
lágrimas, mas com o orgulho de ter trabalhado com o Dr. Paulo Geraldo de
Paula.
Garanhuns, Novembro de 2012
Artur Pedro
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá! Ficaremos agradecidos se você deixar seu comentário. Lembre-se de manter um bom nível nas suas considerações.Não cercearemos o direito à opinião, mas excluiremos comentários que faltem com o respeito e extrapolem a legalidade. Obrigado!