Investigações
comprometidas
No final de outubro a
imprensa divulgou que dois escritórios do Serviço de Inteligência da Polícia
Federal foram fechados e que, num efeito cascata, uma a uma todas as demais
unidades espalhadas por todo o território nacional deveriam ter o mesmo destino,
quebrando, literalmente, a coluna dorsal da maior e mais bem equipada
instituição de Segurança Pública do Brasil.
O efeito se confirmou e,
pouco a pouco um verdadeiro “black out” funcional está desligando todos os
núcleos de investigação pelo Brasil. No Mato Grosso não há mais uma unidade
sequer em operação, o que detona todos os serviços de escuta, espionagem e
análises de “modus operandi” criminais naquele Estado.
No Mato grosso do Sul, em
São Paulo, na Bahia, no Rio Grande do Sul e no Paraná a “contaminação” dos
escritórios avança em velocidade vertiginosa e ameaça provocar um colapso geral
em todo trabalho investigativo da PF.
Estopim
A iniciativa foi gerada
pela resposta do governo federal às reivindicações impostas pela greve dos
agentes da Polícia Federal, que exigiam, a reestruturação das funções tidas
como de nível superior, entretanto, remuneradas como de nível médio.
Diante do fato de que o
governo federal decidiu manter a remuneração dos agentes, escrivães e
papiloscopistas no patamar de nível médio, estes também passaram a exercer
somente funções e atividades tidas como de nível médio.
Os trabalhos de
inteligência são encarados como de nível superior, portanto, os agentes
abandonaram estas funções, que deverão, se isto for possível, ser transferidas
para os delegados. Enquanto isto, a Polícia Federal fica sem o serviço
responsável pela maior parte das investigações que resultam na prisão de
integrantes de grandes cartéis do tráfico de drogas, da lavagem de dinheiro,
dos crimes de colarinho branco, do jogo, enfim, fica praticamente inoperante.
Inteligência
A Polícia Federal
brasileira constitui, hoje, um dos principais paradigmas em nível nacional,
quando se trata do uso da inteligência como instrumento efetivo no combate à
criminalidade, com especial ênfase ao crime organizado.
Tendo desenvolvido suas
técnicas ao longo dos anos, com o auxílio de organismos internos e do exterior,
aliando o conhecimento específico ao grande e contínuo avanço das tecnologias
utilizadas para o exercício deste mister, a Polícia Federal tem operado com uma
demonstração clara de que é possível, com recursos e preparo adequado do corpo
policial, fazer frente aos criminosos e ampliar a capacidade do sistema de
segurança pública como um todo, fornecendo ao cidadão e à sociedade a paz e a
tranquilidade necessárias à convivência harmoniosa.
Este padrão de excelência é
alcançado pelo tratamento adequado da informação, posteriormente transformada
em conhecimento, inteligência e ação, com acesso às mais diversas ferramentas
tecnológicas. Sempre é necessária a transformação de informação (dados não
tratados), para o alcance do conhecimento estratégico, conhecimento este
buscado, inclusive, por empresas para conquista de mercados, pelo que se chama
"inteligência competitiva" e "gestão de informação".
Infelizmente, em alguns
pontos, a forma de obtenção e tratamento dos dados relativos às operações
mencionadas e, por que não dizer, de praticamente todo o conjunto de apurações
levadas a efeito pela Polícia Federal, se ressente, entre outras coisas, de uma
maior organização e sistematização. Ainda existe compartimentação excessiva,
que é desnecessária e improdutiva: ao invés de garantir uma hipotética
segurança, inviabiliza-se a utilização das informações em trabalhos de
repressão ao crime organizado.
Mas, esta é uma realidade
que está a um passo de permanecer “congelada”, diante do impasse entre “quem
trabalha de fato” e “quem fica no trono observando”. Enquanto isto não se
dissolver, o Brasil vai contar com uma Polícia Federal a cada dia “menos inteligente”,
ou “mais burra”.
Fonte: MERCOSUL NEWS.
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