Em entrevista ao Congresso em Foco, procurador que iniciou
investigações sobre supersalários declara-se sem esperança de que um dia os
limites constitucionais para o pagamento dos servidores sejam respeitados.
POR EDUARDO MILITÃO,
15/11/2012.
Procurador que iniciou as
investigações sobre o pagamento de supersalários no serviço público, Marinus
Marsico está sem esperança. Depois de lutar pelo cumprimento da lei, o
procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU)
está convencido de que falta vontade política para o cumprimento do dispositivo
da Constituição que estabelece que nenhum servidor pode ganhar mais do que os
ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ou, pelos valores de hoje, R$ 26,7
mil. “Ficam buscando desculpas para burlar a lei”, protesta o procurador, em
entrevista exclusiva ao Congresso
em Foco. Para Marinus, a situação gera uma situação injusta: “Só os honestos cumprem o teto”.
Diante de tal “hipocrisia”, o
procurador chega a ser duro: “É melhor acabar logo de uma
vez com o teto”.
“Acabe-se com a hipocrisia na administração, onde só as pessoas
honestas cumprem o teto. Esse teto foi descumprido, está sendo descumprido e
será descumprido eternamente”, desabafa. “Infelizmente,
o teto é hoje uma peça de ficção”, conclui.
Foi a partir da
ação de Marinus Marsico que se iniciou a investigação sobre a burla da norma
constitucional no serviço público. Os auditores do TCU começaram a investigar
as folhas salariais e, como vem noticiando o Congresso
em Foco,identificaram
a existência de supersalários nos três poderes da República. Estima-se que
cerca de quatro mil servidores públicos recebem vencimentos acima do teto
constitucional. As maiores distorções acontecem no Poder Legislativo. Pelo
menos 8% dos funcionários da Câmara e 12% dos servidores do Senado têm
remuneração acima do teto. O problema é que, apesar das distorções estarem
evidenciadas pelo trabalho de seus auditores, o Tribunal de Contas da União
hesita em julgar o caso e tomar providências. O julgamento dos casos dos
supersalários na Câmara e no Senado estava inicialmente na pauta do TCU na
quinta-feira passada (8). Mas o relator, Raimundo Carreiro, que antes era o
secretário-geral da Mesa do Senado, adiou o julgamento, alegando que precisava
“estudar mais o assunto”, que já está em discussão há três anos.
Tais situações é
que desanimam o procurador Marinus Marsico, e que parecem uma demonstração de
falta de vontade política em lidar com o tema. Há várias questões que
precisariam ser resolvidas de forma clara quanto à definição do teto salarial.
Na composição das folhas salariais do Legislativo, por exemplo, vários
adicionais são deixados de lado na soma dos vencimentos, como se não fossem
salários, permitindo que o teto seja ultrapassado. É a falta de definição sobre
esse penduricalhos que faz com que a norma constitucional, na prática, não seja
cumprida.
Fonte: Congresso em foco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá! Ficaremos agradecidos se você deixar seu comentário. Lembre-se de manter um bom nível nas suas considerações.Não cercearemos o direito à opinião, mas excluiremos comentários que faltem com o respeito e extrapolem a legalidade. Obrigado!